Ato contra cortes na educação reúne 25 mil pessoas em Goiânia
- Repórter Guará
- 22 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mai. de 2023
"Não existe outra arma se não a organização dos estudantes e dos trabalhadores contra as medidas do governo federal"
Texto e imagens: Heloisa Sousa

Ocorreu no ultimo dia 15, em Goiânia, uma manifestação envolvendo principalmente estudantes das instituições federais do estado, contra o corte de verbas às instituições de educação pública anunciada pelo governo federal na última semana. O movimento nomeado "15 eu paro" ocorreu em todo o território nacional e contou com a paralisação dos estudantes e funcionários das redes públicas de ensino superior.
Em Goiânia, as manifestações começaram às 8 horas no campus Samambaia, da Universidade Federal de Goiás (UFG), com um café da manhã no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), em seguida houve uma caminhada até a reitoria. Às 13 horas foi realizada uma assembleia na Praça Universitária, que contou com a fala de diversos representantes de movimentos estudantis, sindicatos, centros acadêmicos e membros do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG e, posteriormente, caminhada até a Praça Cívica. Segundo os organizadores, 25 mil pessoas compareceram à manifestação.
Os manifestantes entoaram palavras de ordem durante todo o percurso como “não vai ter corte, vai ter luta” e levaram também pautas identitárias como a luta pelo fim do racismo, da LGBTfobia e do machismo. “É muito importante movimentos sociais estarem engajados nessa luta e estarem envolvidos com a organização porque dá mais credibilidade para o movimento e são causas que de certa forma dialogam com a educação”, disse Sarah Ferreira, vestibulanda e militante pelo movimento negro, que estava presente no ato.

“É um momento onde as entidades estudantis precisam estar organizadas para a mobilização dos estudantes. Não existe outra arma se não a organização dos estudantes e dos trabalhadores contra as medidas do governo federal”, disse Luciana Rodrigues, coordenadora geral do DCE e estudante de direito na UFG. Ela conta que os planos do DCE e também de outras entidades estudantis de Goiânia é focar em um movimento voltado mais para as bases. “É preocupante ver as nossas universidades públicas sendo sequestradas, e o pedido de resgate é a previdência social brasileira”, completa.
O corte
No final de abril, o atual ministro da educação, Abraham Weintraub, anunciou o corte de três universidades federais alegando não haver grande desempenho dos estudantes por motivos de “balbúrdia”. No mesmo dia, após críticas nas redes sociais, o Ministério da Educação (MEC) informou um corte de 30% em todas as universidades federais, motivado pela arrecadação de impostos menor do que o previsto.
No dia 7, Weintraub disse que o corte era apenas um contingenciamento e as verbas às universidade poderiam ser desbloqueadas caso a reforma da previdência fosse aprovada. Segundo ele, as universidades federais têm sido priorizadas nos últimos anos nos repasses de recursos e agora se deve dar atenção à educação básica.
Reitores das universidades federais do país temem que, com o corte, as universidades não tenham recursos para permanecer funcionando até o fim do ano. Edward Madureira, reitor da UFG, apresentou, na assembleia que ocorreu no dia 13, dados a respeito do uso de recursos pela universidade, das despesas básicas, como água e energia, até o investimento em pesquisas na instituição.
“Somos mais de 300 mil trabalhadores entre professores e técnicos concursados e mais de 2,5 milhões de estudantes, temos só na UFG mais de 100 mil egressos e é com essa força que vamos impactar a sociedade”, disse ele ao relembrar o importante papel da assembleia que levou à comunidade informações sobre a universidade.

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